domingo, 17 de janeiro de 2010

Diálogo no Labirinto

Engraçado.
Procurando a verdade incansavelmente
descobri que ela realmente não pode ser atingida.

Já faz algum tempo que descobri isso.
Mas foi agora que fui modelar meu estilo de vida,
tomando isso como base, como hipótese.

Exatamente isso, hipótese.
Levante hipóteses
sobre tudo, sobre todos, sobre mim,
sobre você.

A grande maioria dessas hipóteses
(provavelmente) será falsa.
E agora você (provavelmente) se questiona:
Por que levantar hipóteses falsas? Onde isso pode me levar?

Essas hipóteses iluminam nosso caminho,
mostram quais portas podemos entrar.
Quanto mais hipóteses, mais caminhos a seguir,
mais portas a serem abertas.

(Provavelmente) você contesta e diz:
E dai? Por que quero ter infinitos caminhos à minha escolha?
Se nem sei onde cada um pode me levar
e sei que a maioria deles não me levará a lugar nenhum.

Todos os caminhos, todas as portas,
necessariamente levam a algum lugar.
Caso contrário nem existiriam.

A verdadeira questão (provavelmente) é:
qual caminho, ou qual porta, nos leva onde queremos ir?
Qual dos caminhos, qual das portas, nos leva para o sucesso?
Como posso saber qual caminho me leva para um futuro melhor?
Como posso descobrir em qual das portas está o prêmio?

A resposta:
Não sei.
(Muito) provavelmente ninguém sabe.

Se todos soubéssemos,
a vida não precisaria ser mais vivida.
Seria simplesmente um roteiro a ser seguido,
sem grandes acontecimentos, sem grandes mudanças,
sem epifanias, sem evolução.

Agora você (provavelmente) me diria:
OK, não me importo que a vida seja apenas um roteiro,
gostaria apenas que ela me levasse ao sucesso.
Quero me dar bem na vida.

Esse (muitíssimo) provavelmente foi o seu maior erro.
Sua existência nesse minuto não fez sentido.
Ela serviu apenas como apêndice para outra existência.
A existência de quem te privou do seu maior poder.
Você acaba de abdicar do maior poder de um ser humano: o poder de escolha.

Depois de pensar tanto sobre tantas coisas,
acabei percebendo que (muito) provavelmente
esse é o nosso poder, é o que faz com que sejamos o que somos,
é o que nos diferencia das outras espécies,
é o que nos faz humanos.

Já que na vida (provavelmente) temos o direito de errar,
nada mais sensato do que termos o direito seguir qualquer caminho,
de abrir qualquer porta.

E (provavelmente) nada mais generoso e gratificante
do que ajudar na escolha do caminho, da porta certa.
(Provavelmente) nada mais confortante
do que poder contar com alguém para te ajudar
a fazer a melhor escolha,
a te alertar sobre as consequências de cada escolha
ou mesmo para te consolar
depois de uma escolha errada.

Agora você,
(provavelmente) ainda desconfortável com as respostas anteriores,
me questiona:
E se eu abrir uma porta errada?
E se o caminho errado que eu tomei não tiver mais volta?
E se para onde essas escolhas estiverem me levando
não haver alguém em que possa confiar?

Primeiramente,
as escolhas erradas são as mais esclarecedoras.
Você (provavelmente) nunca mudaria, se tudo desse certo,
se tudo ocorresse como o planejado.

Com uma escolha errada você pode:
nunca mais cometer o mesmo erro, não fazer mais essa escolha.
Mostrar aos outros que aquela escolha não deve ser feita.
Essa escolha pode fazer você pensar sobre as outras escolhas,
já tomadas e a serem tomadas.
Você corre o risco de mudar seu modo de pensar,
de agir, de escolher. Pode mudar para melhor.

(Muito, mas muito mesmo) provavelmente
quem um dia acertou
errou muito
e teve a ajuda de quem também errou muito.

Você aparentemente confuso me diz:
Tá, mas e se as escolhas erradas me levarem a solidão?
Isso foi perguntado mas não foi respondido.

Graças à algumas escolhas erradas,
percebi que não estamos sozinhos.
Nunca estamos, sempre haverá alguém conosco.
Não somos seres que possam viver sozinhos.

Podemos estar longe de outras pessoas,
podemos estar nos sentindo sós,
podemos pensar que nunca ninguém nos fará companhia.
Mas somos todos um, apenas esquecemos disso.

Acho que o que realmente deve ser levado em conta
para classificar qualquer coisa
como boa ou ruim
é a sua influência sobre nossas escolhas.

Alguém pode errar na hora de nos aconselhar o caminho a ser seguido,
podemos errar também na hora de aconselhar alguém sobre qual porta deve ser aberta.
Mas quem realmente te prejudica,
é quem veta qualquer escolha
e não quem sugere a errada.

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